quinta-feira, dezembro 22, 2011 | | By: Luis Ventura

O Homem mais irado da Cidade: Tão sem graça quanto fumar cigarro do Paraguai





Todo fim de ano temos essa mesma situação: Especulações sobre transferências no futebol, eventos beneficentes que as TVs tratam com final de campeonato e muitas tantas outras coisas que enchem o saco.

Quem me acompanha, sabe que eu sou uma pessoa critica, que  às vezes é até dura demais no que diz. Então hoje eu resolvi compartilhar um pouco dessa indignação que eu tenho nessa época do ano, plagiando a coluna "O homem mais irado da cidade" que todos os meses têm na revista Placar.

A primeira é sobre o mercado de futebol. Não de onde aparece tanto boato, se são os clubes que plantam para atrapalhar negociações do rival, se são empresários que soltam as notícias para tentar barganhar mais com seus agenciados ou se são os próprios jornais que, por não terem nada para noticiar inventam tais coisas.

Porém, esse ano eu acho que vi uma das coisas mais ridículas que já apresentara: “Acompanhe o tempo real das negociações”. Quem lê pensa que “nossa, tem um repórter de plantão no clube, acompanhando o entra e sai de dirigentes e empresários, buscando informações e entrevistas.” Mas não é bem assim. Muitas vezes, é um pobre do estagiário que fica procurando na internet notícias que pipocam em sites concorrentes e ele traduz para o seu, pois, o que rola de real mesmo, quem acompanha é o setorista do clube, que nessa época do ano, entra em semi-férias (ta de férias, mas ligado se não rola nada por lá) e só volta quando o time voltar.

Outra coisa desse tempo real é que parece que a cada minuto vai ter uma atualização a cada minuto, como se fosse uma bolsa de cotação de valores e ações, só que não é isso que acontece. Não sou contra essa boataria de fim de ano, acho que cada um vende o que quiser e cabe ao leitor selecionar o que ele quer ver ou não.

Outra coisa que cabe ao espectador decidir se quer ver ou não são esses jogos beneficentes. Esse ano até que ta pouco, mas são muitos jogos de amigos de um contra amigos de outro e por aí vai. Nada contra também, acho que quando se pode fazer algo para ajudar alguém, devemos fazer. Só sou contra a forçada de barra que as emissoras que o transmitem fazem. Mandam vários repórteres, locutor e comentarista.Pra começar o repórter faz aquelas perguntas que são cabíveis em um jogo oficial, tipo “o que o treinador pediu para você fazer”, “você acha que o adversário vai ser difícil” e essas coisas. Aí entra o narrador com aquele empolgação que nem ele mesmo tem quando o jogo é oficial. E por fim, aparece os comentaristas comentando  situações com a entrada de um veterano de mais de 50 anos no meio do segundo tempo “Fulano é um cara com bom toque de bola, chega bem de trás, foi artilheiro por onde jogou e era a substituição que o time precisava”. Ridículo, não?

Sabe porque isso acontece? Porque as TVs do Brasil são muito reféns do futebol. Elas não tem capacidade de fazer uma programação especial para cobrir esses dias que não tem jogo. E muitas vezes, quem paga o pato são os outros esportes, como o vôlei, que tem que fazer um calendário maluco, onde os times jogam quase que dia sim, dia não para cobrir esse espaço do futebol.

Lamento isso, pois desvaloriza os outros esportes, que só servem quando não tem futebol e desvaloriza os profissionais, que tem que fazer aquilo para garantir seu salário, mas ficam claramente constrangidos em participar dessas peladas de fim de ano.
Eu, como jornalista e espectador, acho que as TV deveriam investir em conteúdos melhores para essa época, como documentários, programas especiais e até em reprises de jogos marcantes do ano que passou e de jogos marcantes do passado (viram o sucesso que fez na internet as reprises do Flamengo e Liverpool e Internacional e Barcelona?). Sei que futebol é um vicio do caramba, mas, até peço desculpas pela comparação politicamente incorreta, fazer isso com o espectador é como dar um cigarro do Paraguai para um fumante ao invés de um Hollywood ou outras marcas mais populares para quem ta acostumado a fumar Marlboro ou outras marcas do tipo. A droga ele vai ter, mas que graça tem consumir algo de baixo nível?

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