quinta-feira, dezembro 15, 2011 | | By: Luis Ventura

O Brasil ficou perto de fazer história. Eu acho que não.




Há alguns dias eu postei uma prévia do Campeonato Mundial de Handebol. E eu não esperava que o Brasil pudesse ir até onde foi. E explico por que.

Como o Handebol  no Brasil tem uma divulgação irrisória se comparado com o futebol, até eu que estou diariamente fuçando a internet atrás de notícias e tudo mais, não tinha a real noção de como evoluiu o nível da nossa seleção. Acompanhei o Handebol no Pan, mas como os outros paises do continente são bem inferiores a nós, eu tinha a impressão de que o Pan não seria um parâmetro ideal.

O Mundial chegou e as meninas foram maravilhosas ao passar invictas por seis adversárias até as quartas de final. Eu, por exemplo, previa um retrospecto de  3v-2d na primeira fase.

Ontem assistindo a transmissão maravilhosa do Esporte Interativo, capitaneada pelo narrador André Henning, ouvia ele sempre dizendo “Estamos a X minutos de fazer história”. Hoje ao ver as noticiais que saíram nos sites de esportes, o destaque era “Brasil quase faz história”. Ao ler e ouvir essas frases fiquei com isso na cabeça e andei pensando após o resultado.

Não é uma critica a ele e sim uma reflexão: A derrota tirou a chance do Brasil fazer história no handebol? Eu respondo que não. Fale-me um jogo de handebol que levou o público que vimos todos esses dias no Ibirapuera? Eu vejo os jogos da Liga Nacional na ESPN Brasil e muitos jogos tem público de contar nos dedos.

Ibirapuera cheio para uma partida de Handebol: nunca tinha visto (Gabriel Inamine / Photo&Grafia)
 
Outra coisa, que até o André citou na transmissão, tinha gente que nem sabia que handebol existia. Para muitos handebol é a queimada ou algo do tipo. Agora muitos conhecem o que é um tiro de 7 metros, para que serve a linha tracejada da quadra e todas essas coisas.

Por fim, é de entrar para a história também o fato de ser o primeiro pais das Américas a receber o torneio e ser o melhor não europeu desse mundial, o que é um feito maravilhoso, se levarmos em conta que o esporta ainda sofre com a falta de patrocínios. Hoje só o Banco BVA e a Penalty são parceiras do esporte. Com esse apoio e com o repasse da Lei Piva, a CBHb vem realizando um ótimo trabalho (inclusive, se não me engano, a Confederação ajuda para que algumas meninas joguem em times da Europa e ganhem experiência). Então por conta disso, podemos dizer que o Handebol do Brasil fez sim história. Daqui 50 anos todos que forem pesquisar sobre o esporte verão esse grande feito do Brasil.

Agora o que falta é saber aproveitar o momento e angariar mídia e patrocínios por esporte, como tem conseguido o Rugby, a Natação, o Basquete e o Vôlei. O Brasil tem uma Liga bem organizada e uma seleção com potencial, mas a divulgação é fraca. Vimos por exemplo no Mundial, muitos jornalistas reclamando um site com poucas atualizações, com falta de informações e ainda um perfil no twitter que não se relaciona com a galera.

Eu até dou uma sugestão (inclusive não sei se eles já tiveram essa idéia): Porque não o Esporte Interativo transmitir a Liga Nacional de Handebol junto com a ESPN Brasil? Quanto mais exposição melhor. E também, a Liga poderia investir em criação de conteúdo como, por exemplo, uma revista, no estilo da que eu fiz, para divulgar o Campeonato e a modalidade e aproveitar, como estou fazendo, as redes sociais para divulgar. Inclusive se precisarem de ajuda, estou a disposição para criar o conteúdo e fazer esse trabalho.

Propagandas a parte, parabéns a seleção que fez história e esperamos que o masculino acompanhe o crescimento e essa conquista não seja um “sonho de verão”.

Valeu Deonisia, valeu meninas! (Gabriel Inamine / Photo&Grafia)

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