terça-feira, março 01, 2011 | | By: Luis Ventura

Ditadura no esporte Brasileiro

Nessa época em que o mundo assiste a revolta de alguns países contra seus ditadores (Egito e Líbia), o Brasil, que se diz um país democrático, sofre com algumas ditaduras no esporte.

Temos a questão do futebol, que desde 1989 é comandado por Ricardo Teixeira e a do vôlei, que tem desde 1997 tem Ary Graça como presidente. Temos também casos de outras modalidades com pessoas há muito tempo no cargo, como o Carlos Nuzman no COB. Mas existem diferenças entre eles. Podemos dizer que Ary Graça e Teixeira estão mais para Khadafi e Mubarak e o Nuzman tá mais para o Rei Juan Carlos da Espanha. A diferença é que Teixeira e Graça, apesar de trazer benefícios e conquistas para suas modalidades, também trazem prejuízos, principalmente para os clubes (que no caso seriam "a população pobre"). Já o Nuzman, pode ter feito alguma coisa prejudicial a alguém, mas na maioria das vezes sempre está fazendo e lutando por algo benéfico para o esporte brasileiro e o melhor, não age como ditador igual fazem os outros dois.

No futebol, a briga mais recente é a questão dos direitos de transmissão. Mas isso é o de menos. O Clube dos Treze (que nessa história seria um grupo rebelde contra a ditadura) que lutaria pelo direito dos clubes em ter melhores condições de estrutura, de campeonatos e de calendário acabou dizimado e Teixeira mostrou que sua postura de ditador tem mais poder do que nós imaginavamos. Teixeira fez a grana falar mais alto e usou as cifras como isca para atrair os clubes e enfraquecer a entidade. E ao invés de sairem ganhando, os clubes saem perdendo, pois unidos eles poderiam lutar por espaço no calendário para fazerem amistosos de cotas milionárias e divulgar suas imagens pelo mundo, por melhores contratos com todas as mídias e fortalecer ainda mais o futebol brasileiro, atraindo assim cada vez mais investimentos e credibilidade para o esporte no país.

No caso do vôlei, o prejuízo é sempre maior, já que o esporte tem menos apelo midiático do que o futebol. Primeiro foram a questão das transmissões via internet. Alguns clubes transmitiam pela web seus jogos que não eram transmitido em TV. Tudo bem e nada de mais nisso. Mas a CBV se sentiu incomodada e proibiu.
A mais nova barbárie cometida por ela foi na tabela das semifinais da Superliga. Pelo regulamento, os duelos são em melhores de 3 partidas, com a equipe de melhor campanha podendo escolher a ordem em que serão realizados os jogos (0 1° e o 3° com o seu mando, ou o 2° e o 3°). Porém, como qualquer ditador faz, sempre a CBV dá um jeito de alterar as coisas. No regulamento do Campeonato e no contrato de transmissão, eles colocaram uma cláusula que dá a CBV o direito de determinar qual Ginásio irá receber o jogo que a Rede Globo (aliada dos ditadores) desejar e manifestar o direito de transmitir. Como a Globo manifestou o direito de transmitir a segunda partida das semifinais do masculino e do feminino, A CBV determinou que os jogos serão em Barueri e no RJ.
Não sabemos quais times irão para a semifinal, mas sabemos que teremos gente prejudicada.
Vamos há um exemplo: Jogam Unilever e Vôlei Futuro. A Unilever por direito e lógica, escolhe fazer o primeiro e o terceiro em casa, justamente para não jogar uma das partidas fora do seu ginásio. Já o Vôlei Futuro, fará o jogo que teoricamente teria o seu mando e portanto seria em seu Ginásio em Araçatuba, em quadra neutra. Isso se a CBV não marcar esse jogo para o Maracanãzinho no Rio de Janeiro, o que beneficiaria ainda mais a Unilever que manda seus jogos naquele ginásio e poderia fazer até 3 partidas em casa. E apesar de isso ser imoral é bem possível de acontecer, pois a Globo pode preferir ter um Ginásio cheio no RJ do que ter um ginásio mais ou menos cheio em Barueri (longe 524km de Araçatuba e 429 km do Rio).
Mais uma vez, o esporte se mostra submisso aos ditadores da Confederações e mais uma vez nada podem fazer, pois ou vendem a alma ao diabo para terem uma renda e sobreviverem ou ficam contra tudo isso e morrem na sargeta como ocorre com aqueles que vão contra esses caras.

Já Nuzman, desde 1995 no COB, tem um comportamento exemplar. Nunca agiu como ditador, mas soube usar o seu poder quando necessário. Atraiu vários investimentos e incentivos para o esporte brasileiro, ajudando a desenvolver várias modalidades no país e como prêmio pelo crédito conquistado pelo esporte Brasileiro nesse período, recebemos a incumbência de organizar um Jogos Panamericanos e uma Olimpíada. Antes ele foi presidente da CBV e diferente do que ostenta o seu Ary, que diz para todos que foi ele que colocou o vôlei no caminho das conquistas, foi Nuzman quem deu início a tudo isso, reestruturando a Confederação e guiando o esporte que gerou um time que ganhou duas medalhas Olimpícas (Prata e Ouro) e que deu início ao processo de popularização do vôlei e foi ele também quem reorganizou e trouxe novos recursos para o Campeonato dos Clubes, criando a Superliga.

Mas enfim, assim como acompanhamos o que acontece no mundo, acompanharemos esse acontecimento do esporte e torcendo para que mais uma vez os injustiçados levem a melhor e vençam essa batalha.

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