segunda-feira, outubro 31, 2011 | | By: Luis Ventura

O Balanço do Pan

Terminou nesse domingo a 16a Edição dos Jogos Panamericanos, realizada em Guadalajara.
Para nós Jornalistas e analistas do esporte e das mídias neles envolvidas, chegou a hora de fazer o balanço final. No meu caso, tenho que fazer três análises: da cobertura da mídia brasileira, da participação da equipe brasileira e da organização dos Jogos.
 
Vamos começar então por aquele que mais criticas recebeu. A organização foi bombardeada por todos os lados. Atletas reclamaram de filas no refeitório, mudança de horários sem aviso e possível favorecimento dos juízes a certos atletas ou nacionalidades. A imprensa reclamou da dificuldade no acesso aos locais dos Jogos pelos transportes oficiais, que faziam um passeio turístico ao invés de procurar a rota mais rápida e curta. De minha parte a organização pecou em dois pontos que pouca gente reparou: a "espanholização" de alguns nomes (Joanna Maranhão virou Joanna Manhanhan em alguns eventos e o presidente da CBV Ary Graça virou Ary Grassa) e a péssima qualidade dos hinos executados que lembravam um som estilo MIDI baixado da internet, do que uma musica tocada por instrumentos de verdade. Para mim, no geral, foram bem na organização e podem, como o Governador de Jalisco citou na cerimônia de encerramento, se candidatar para os Jogos Olímpicos, assim como fez o Rio, pois a impressão foi boa.
 
Já quanto a campanha Brasileira, eu tomei como análise primeiro a questão geral e depois a individual. No geral, a campanha foi maravilhosa. A melhor do pais competindo fora de casa. Apesar de ter tido menos medalhas que o Rio 2007, porém lutar de igual para igual com Cuba no quadro e deixar Canadá muito, mas muito para trás mostra o sucesso. Individualmente, lamento que alguns esportes decaíram. Ciclismo, Taekwondo e Ginástica Artística Feminina fizeram os maiores papelões. O Ciclismo não trouxe medalhas pela primeira vez desde 1979 e num pais que cada vez mais vê o crescimento do uso de bicicletas no dia-a-dia aumentar, isso é uma vergonha. O Taekwondo foi com uma baita expectativa e decepcionou, principalmente com os campeões Diogo Silva e Natalia Falavigna, que nem na disputa de medalhas chegaram. E por fim, a ginástica feminina parece que já deu o que tinha que dar e agora vai deixar de ser protagonista entre os melhores.
 
O bom foi ver esportes que estiveram em queda irem bem, como o atletismo (em que a concorrência é maior que a natação) e o boxe. E por fim, parabenizar o ótimo trabalho feito no Judô, na ginástica rítmica, no tiro esportivo, na Luta Livre e no Levantamento de peso, sem contar os já tradicionais Iatismo, Vôlei e Natação. E desejar os pêsames para os esportes coletivos. Handebol e o Pólo Aquático fizeram a obrigação. Os outros nem isso. Futebol, Basquete e até o Rugby foram uma lástima.
De zero a 10, eu daria 8 para a participação do Brasil.
 
Finalmente, sobre a cobertura da mídia. Infelizmente ainda há retaliaçõesna imprensa brasileira. Record e Terra, apesar das dificuldades apresentadas por narradores, comentaristas e repórteres, foram lá e fizeram o que deveriam. O que me entristece é o pouco caso da Globo, do UOL e de outros veículos concorrentes das duas. Pelo que vi, procuravam sempre que possível destacar uma coisa ruim que acontecia no Pan ao invés de tentar, mesmo sem os direitos de transmissão, fazer melhor que elas (coisa que, aliás, só a Rádio Jovem Pan em 2002, na Copa, conseguiu).
Por parte da Record e do Terra, a cobertura foi nota 9. Só não foi dez por causa de algumas falhas de locutores e comentaristas apontadas em outros posts. Mas essas são as lições que ambos devem pegar e corrigir para Londres: investir em treinamentos sobre os esportes para seus locutores e em treinamento sobre comportamento e postura ao vivo para os comentaristas. E se possível, fazer transmissões-piloto antes dos jogos para que eles se entrosem.
 
Abaixo, entrego as medalhas de ouro, prata e bronze desse Pan para a mídia.
 
Bronze – Marco Túlio Reis: Apesar de ser relegado pela Record e formar o time da Record News, mas uma vez mostrou o quanto conhece de narração e de esportes Olímpicos. Belo trabalho. Espero que a Record dê uma oportunidade para ele no time principal em Londres.
 
Prata – Romário: Estreou eleogiando quem tinha que elogiar e criticando quem merecia. Soube separar seu cargo atual, da função de comentarista e a função de seu passado futebolístico. Acho que volta em Londres 2012.
 
Ouro – Newton Campos: pintou no último dia de boxe e deu show. Como ele mesmo comentou sobre os cubanos "tem a técnica e a consciência de tocar no momento certo e sair e não ficar aplicando um monte de golpes que dão em nada como os brasileiros". E foi isso que fez. Colocou em prática seus vastos anos trabalhando como jurado de boxe e membro da Associação Internacional, falou o necessário de forma precisa e ficou com a medalha de ouro.
 
 

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