quarta-feira, fevereiro 15, 2012 | | By: Luis Ventura

Clássicos +Esporte: O Dream Team nas Olímpiadas

Demorou um pouco mais saiu. Enfim está no ar o primeiro post do +Esporte Clássicos, que até Julho deste ano vai apresentar destaques que marcaram a história do Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Confesso que a escolha do primeiro post foi difícil. Eram tantas opções em minha cabeça, mas decidi por iniciar como o 1º ( e para mim único) Dream Team do Basquete Americano.

Esse sim foi o verdadeiro Dream Team do USA
Vamos relembrar toda a origem que culminou para a liberação de atletas profissionais nos Jogos Olímpicos.
Por tradição, os valores olímpicos, desde o seu início em Atenas 1896, pregavam o amadorismo. Pelas regras, nenhum competidor poderia receber “salário” caso quisesse participar dos Jogos. Se alguém violava esse princípio, era logo desclassificado do evento, chegando em alguns caso a perder as medalhas conquistadas.

Mas o mundo muda e a história também. A partir da década de 1960, a profissionalização do esporte começou a se intensificar, principalmente nos jogos coletivos, como futebol, basquete, vôlei etc. Os próprios Jogos passaram a viram atração midiática com as primeiras transmissões via TV e com abertura a patrocinadores. Vários atletas começaram a viver apenas do esporte e o COI teve que rever seus conceitos. A partir de 1970, o COI foi reduzindo gradativamente os quesitos amadores de sua carta olímpica até chegar ao resultado final, em que a após os jogos de 1988, em Seul, ficava a cargo de cada Federação Internacional das Modalidades, definir seus próprios critérios de participação.
Então, para os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, todas as federações liberaram a participação de atletas profissionais, exceto o boxe, que seguiu o “amadorismo” e o futebol, que adotou suas próprias regras, por conta de conflitos de interesse com a Copa do Mundo. E o grande marco dessa mudança foi o time de basquete dos EUA.
Só para recapitular, na teoria, antes disso todos eram amadores, mas na pratica não era bem assim. Nos paises Socialistas, todos eram profissionais, mas por estarem ligados a clubes estatais, eram amadores. O mesmo valia por aqui. Nossos atletas defendiam e treinavam em clubes, mas, por conta das mudanças de conceitos do COI, ser filiado a um clube não era considerado violação ao amadorismo. Já no caso dos EUA, em especial da NBA, eles eram considerados profissionais pois os times não eram clubes sociais, como os que temos por aqui, mas sim empresas, tanto que são chamados de franquias. Quem representava os americanos eram os universitários, que tinham um regime parecido com o dos clubes do resto do mundo.

Mas vamos ao que interessa. Apesar da mudança de regras do COI, esse não foi o único motivo que fez com que os americanos montassem seu time de estrelas do basquete. Precisamos voltar alguns anos antes, precisamente a Munique, 1972. Os EUA são os inventores do basquete e como tal, se intitulam os melhores do esporte (história velha essa). Desde quando o esporte passou a fazer parte do programa olímpico, os americanos nunca haviam perdido o ouro. E naquela edição, em um final de jogo polêmico (em que, após decretarem o fim do jogo com vitória dos EUA, os juízes voltaram atrás, dando 0.5 segundo de jogo, suficientes para a URSS fazer a cesta da vitória), os americanos foram derrotados pela União Soviética. Mas do que a perda da hegemonia, na época era a derrota do capitalismo para o Socialismo.
Com a vitória em Montreal 1976, parecia que o acontecido de 4 anos antes havia sido acidente de percurso, principalmente pela forma que ocorreu, mas em Indianápolis, nos Jogos Panamericanos de 1987, a história mudou de novo. O Brasil foi lá e venceu o time americano na casa deles. No ano seguinte, nas Olimpíadas de  Seul 1988, nova derrota para a União Soviética, desta vez sem polêmicas. O império americano estava ameaçado.

E é aí que entra a nova resolução do COI. Querendo mostrar novamente que eram os melhores, trataram de convocar realmente os melhores. Era uma época de ouro na NBA, três dos maiores expoentes de todos os tempos se enfrentavam por lá: Larry Bird (Boston Celtics), Magic Johnson (Los Angeles Lakers) e Michael Jordan (Chicago Bulls). Isso sem contar os outros grandes jogadores como Scott Pippen, John Stockton, Karl Malone, Pat Ewing, Charles Barkley, David Robinson etc.

Oficalmente, o primeiro jogo do Dream Team foi no pré-olímpico de 1991, quando venceram Cuba por 136 x 57. Larry Bird foi o autor da primeira cesta. A cada jogo que iam fazendo, iam arrasando os rivais, mostrando porque a NBA era o melhor do esporte, sendo o campeão intitulado por eles de Campeão Mundial.

Classificação garantida e chegaram então os Jogos de Barcelona. Logo de cara a primeira polêmica: enquanto todos da delegação americana ficaram na Vila, eles tiveram a disposição um hotel de luxo ao lado de suas famílias.

Porém apesar de todo o glamour, o que mais chamou a atenção de todos foi a humildade do time. Nos jogos eles sobravam, mas em nenhum momento menosprezavam seus adversários, seja ele a pobre Angola, derrotada por 116-48, ou a adversária na final, a Croácia, derrotada por 117-85.

O Brasil teve o privilégio de encarar o Dream Team, nome no qual ficaram conhecidos, na primeira fase. A equipe Brasileira até jogou bem, marcando 83 pontos (o segundo que mais marcou contra eles, perdendo apenas da Croácia), mas sofreu 127.

O esperado duelo entre EUA e Equipe Unificada (ex-URSS) na final não aconteceu. O time soviético se esfacelou junto com a queda do regime socialista. E apesar da imensa superioridade, no final prevaleceu o espírito olímpico dos astros americanos.

Outros Dream Teams foram formados (para Atlanta 96 e Sydney 2000), mas não chegaram nem perto desse de 1992. Com a NBA abrindo cada vez mais espaço para estrangeiros, os passeio já não foram mais comuns, apesar dos americanos vencerem as medalhas. Um 4º time chegou a ser formado, mas decepcionou, perdendo para a Argentina em Atenas 2004, voltando a colocar um ponto de interrogação na superioridade americana no Basquete.

Até hoje o time de 1992 é referência no esporte. Assim como a nossa seleção de futebol de 1970, a deles de 1992 é um dos melhores, senão o melhor time da história.

O melhor time da história?
Para quem não viu, como eu (que na época tinha 6 anos e não me lembro de nada), temos o youtube e outros sites que nos oferecem imagens desse belíssimo time. Para você que não viu, veja agora imagens desse Dream Team (antes que os próprios americanos se censurem, como fizeram com o megaupload).





















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