segunda-feira, novembro 21, 2011 | | By: Luis Ventura

Qual é o problema?

Bem galera, terminou a Copa do Mundo de Vôlei Feminino no Japão. Infelizmente o Brasil não conseguiu o que queria (a vaga antecipada para Londres) e agora vai ter que apertar o já apertado calendário de 2012.

No geral, a competição foi muito boa e difícil, mostrando que Londres 2012 será mais disputado do que se previa. Os favoritos Brasil e EUA dançaram. O Brasil passou longe do titulo e ficou sem a vaga. Já os EUA ficaram com a vaga, mas perderam o titulo no último jogo ao tomarem de 3 a 0 do Japão, já eliminado, que fechou em quarto.

O titulo foi para a Itália, que aliás conquistou o bicampeonato. Era uma equipe desacreditada depois dos maus resultados no Mundial, no Grand Prix e no Europeu, mas com RENOVAÇÃO do elenco, foi lá e levou essa. Outro que surpreendeu foi a China, que ficou em terceiro e levou a última vaga. Mesma situação que a Itália: resultados pífios nos últimos torneios, RENOVAÇÃO e volta dos resultados.

Itália bicampeã da Copa do Mundo. (Divulgação FIVB)
Também preciso destacar a Alemanha, que lutou até o fim e salvo imprevistos, leva uma vaga para Londres, seja no pré-olímpico europeu ou no mundial.

E o Brasil? Bem, sobre o Brasil, a analise que faço é a seguinte: Em termos de resultados, as derrotas para EUA, Itália e Japão foram normais, visto a campanha de ambos no torneio. O grande pecado do Brasil foi os pontos perdidos nas vitórias de 3 a 2 contra China, Sérvia e Coréia do Sul. Li a pouco uma entrevista do Zé Roberto criticando o sistema de pontuação, falando que é coisa que só Einstein explica. Ele disse isso pois China e Brasil, terminaram com 8 vitórias, mas a China fechou com 26 pontos e o Brasil 21. Sinceramente, a reclamação do Zé é choro de perdedor. Sabia-se desde o começo que o regulamento era esse. Essa fórmula já é utilizada desde 2009 no Grand Prix e não sei porque só agora a reclamação. Não quero afirmar nada, até porque não tenho essa credibilidade toda, mas parece aquele história de time de futebol, quando seu time joga mal, perde e a culpa do resultado é transferida para os erros da arbitragem. A situação é igualzinha, mas ao invés do juiz, escolheram o regulamento.

Jogadoras cabisbaixas: Nem de longe lembrou o time sorridente de outros torneios. (Divulgação FIVB)
Para o desempenho técnico, ao ver todos os jogos, tenho a seguinte opinião: Historicamente, em torneios desse tipo, com jogos em dias consecutivos, a atuação é a seguinte: No começo, contra adversários menos favoritos, o Brasil, mesmo em baixo nível ainda pegando o ritmo, vence bem e adquire assim confiança para chegar a ponto de bala contra os favoritos no final. Mesmo que não esteja a ponto de bala, a confiança adquirida dá um upgrade no rendimento do time.

Desta vez, Zé Roberto não conseguiu fazer o time jogar em alto nível (Divulgação FIVB)
Coincidentemente, nesse campeonato aconteceu o contrario. O Brasil pegou logo na estréia os EUA. E perdeu. Os EUA vinham de uma preparação diferente (onde abdicaram do Pan), jogaram melhor e ganharam. Depois teve o Quênia e a seqüência dura com Alemanha, Sérvia, China, Itália e Japão. E aí o que aconteceu, jogos difíceis com o Brasil a meia boca. Vieram resultados inesperados e a confiança ao invés de ser adquirida, foi perdida. E para encerrar essa moleza que vimos.

Sassá: de descartada no Pan à uma das soluções principais jogadoras do time na Copa do Mundo. (Divulgação FIVB)
É obvio que um time do naipe do Brasil tem que estar preparado para tudo, jogando contra quem for na hora que for. Mas sabemos que o Brasil em geral, “só pega no tranco”.

Thaísa emocionada após vitória sobre a Sérvia por 3 a 2: uma das que jogaram bem.(Divulgação FIVB)
Vocês viram que acima eu destaquei a palavra RENOVAÇÃO ao falar da Itália e da China. É exatamente isso outro ponto que o Brasil pecou. Desde 2008 eu ouço essa história de renovação no time feminino e de novo só a entrada da Dani e da Fabíola, porque as duas levantadoras que estavam saíram, senão ficaria tudo na mesma. E o fato de não ter renovação é ruim porque, muitas jogadoras sabem que o técnico não promove concorrência em sua posição e uma hora a acomodação delas irá acontecer. Isso é culpa exclusivamente do técnico, que há 4 anos fecha o elenco em 16 atletas (as 14 que foram para o Japão mais Jaqueline e Natalia, que estavam machucadas). Essa situação me lembra a Copa de 2010, onde o Dunga morreu abraçado com ‘seus jogadores” e o mesmo periga a se repetir na seleção feminina de vôlei. Esse ano foi chamado pela primeira vez o time “B”, mas jogou o que? Um torneio na Rússia e só.

O Feminino (Zé Roberto) precisa seguir o exemplo do Masculino (Bernardinho). Na Liga Mundial (que é o equivalente ao Grand Prix) o técnico pode inscrever 20 e ele utiliza todos em sistema de rodízio e o resultado é sempre o mesmo: vitórias e jogadores que sabem que aquela pode ser a única chance de mostrar serviço e ganhar a vaga no time. No feminino, isso não ocorre (claro que a logística de levar 20 meninas para a Ásia não ajuda). Só que a seleção feminina tem um grave problema chamado prioridade. Todos os torneios são importantes e prioritários. São as mesmas 14 (com variação de uma ou duas) que vão jogar Copa Panamericana, Grand Prix, Copa do Mundo, Sulamericano, Torneio de Montreaux, Copa da Amizade seja lá o que for. Já no masculino, pelo que vejo, eles decidem qual será a prioridade única do ano, e nos outros torneios vão mesclando o time. É assim que funciona lá. Esse ano por exemplo o foco é a Copa do Mundo e em segundo momento, as finais da Liga Mundial. Ano que vem, será Olimpíada e fase final da Liga Mundial e assim vai.

São ideologias diferentes de trabalho adotadas pelas duas seleções, mas começo a perceber que os grandes adversários, tanto no feminino quanto no masculino estão adotando a ideia seguida pelo time do Bernardinho. E com isso o feminino fica para trás. Eu tenho certeza, que se o Brasil entrar com o chamado time “B” na fase de classificação do Grand Prix, na Copa Panamericana e até no Pré-Olímpico sulamericano, vai se classificar tranqüilo. Enquato isso, o time “A” treina para o objetivo maior: finais do Grand Prix, Olimpíadas, Mundial, Copa do Mundo etc.

E agora Zé? Técnico vai ter que se explicar ao presidente da CBV na volta ao Brasil.(Divulgação FIVB)
Vejam se essas meninas nível time “B” não formariam um bom time treinado pelo Paulo Coco:
Levantadoras: Ana Cristina, Ana Tiemi, Claudinha e Roberta
Centrais: Letícia Hage, Natasha, Natalia Martins e Carol Gattaz
Ponteiras: Michelle Pavão, Monique Pavão, Ivna, Juliana Nogueira, Suelle e Regiane
Opostas: Lia, Joycinha e Priscila Daroit
Líberos: Verê, Tassia e Michelle

Mas enfim, colocada essa situação, eu acredito que a técnica e a qualidade de nossas jogadoras farão o time superar esse momento, apesar de haver esses erros na minha concepção. Agora é torcer para as meninas terem um ótimo descanso pós-Superliga e que cheguem 100% motivadas e inspiradas para se prepararem para 2012. E claro que ninguém se machuque.

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