quarta-feira, novembro 09, 2011 | | By: Luis Ventura

As fórmulas das discórdias

Fim de ano chegando e enquanto a maioria das pessoas aguarda o presente que vai receber do Papai Noel, nós jornalistas esportivos que estamos atentos ao que ocorre no mundo do futebol ficamos no aguardo das aberrações que virão por aí na divulgação das tabelas dos campeonatos estaduais.

Esse assunto sempre dá discussão nessa época do ano. Temos os favoráveis a extinção dos estaduais e outros a favor de sua continuidade. Eu, como um conservador, sou a favor de sua manutenção. Lembro que há 10 anos, quando a CBF lançou a proposta do calendário, eu elaborei uma sugestão e enviei via carta para a mais conceituada revista de Futebol do pais, a Placar, avaliar e quem sabe publicar.

Hoje com o advento da internet, não preciso me submeter a isso para publicar minha opinião.

Dando uma de Presidente da CBF, descrevo abaixo a minha sugestão para um calendário unificado do futebol brasileiro. Quanto a questão dos estaduais, sei que isso fica a cargo de cada Federação, mas sugiro uma ideia, que é bem aplicada no Pará.


-       O calendário contempla as seguintes competições: Libertadores, Sulamericana, Copa do Brasil, Brasileirao A, B, C e D e Seleção.

Partindo do pressuposto que o ano tem 52 semanas, que podem ter no máximo dois jogos por semana para cada atleta, teríamos 104 datas.

Iniciaremos a nossa hierarquização a partir dos torneios internacionais. Libertadores e Copa Sulamericana seriam disputados simultaneamente, com as equipes que participam de uma não podendo participar das duas competições ao mesmo tempo, seguindo o exemplo aplicado na UEFA. Nesse caso, poderia ser elaborada uma fórmula de disputa onde os times eliminados na fase inicial da Libertadores fossem reclassificados na Sulamericana. Os torneios iniciariam em Abril e teriam suas finais em Outubro.

Os campeonatos Brasileiros Seriam disputados de maio até o primeiro domingo de dezembro. As Séries A e B teriam sua fórmula mantida: 20 clubes com pontos corridos, totalizando  38 jogos. A Série C teria 20 times, numa fórmula em que seriam formados dois grupos de 10 times divididos em norte e sul de acordo com a posição geográfica. Dentro dos grupos, os jogos seriam em turno e returno (18 partidas). Os dois primeiros de cada grupo garantiriam o acesso a Série B e disputariam um quadrangular (6 jogos para cada) para decidir o titulo. Numa segunda opção, os quatro primeiros de cada grupo se classificariam para um mata-mata para definir os promovidos e o campeão (6 jogos também). Na Série D, os 40 clubes seriam divididos em 4 grupos de 10 equipes regionalizado (2 para o norte e 2 para o sul). Como na Série C os jogos seriam em ida e volta dentro do grupo (18 partidas). O campeão de cada grupo estaria promovido para a Série C e se classificaria para o quadrangular final para disputar o titulo (6 jogos). Numa segunda opção, levando em conta os gastos e a situação financeira dos clubes, seria mantida a fórmula atual (8 grupos de 5, com jogos de ida e volta na primeira fase (8 jogos) e os dois primeiros se classificando para o mata mata (8 jogos)).

A Copa do Brasil, teria 64 equipes no formato atual, porém com sua disputa se estendendo durante toda a temporada. A competição com 6 fases teria uma fase disputada por mês (exceto a primeira que teria os jogos espalhados dois meses) sendo o início em Maio e a finalização em Novembro.

Por fim os estaduais, onde cada federação fica livre para encaixar seus campeonatos durante o ano de acordo com a necessidade de seus filiados e a participação dos mesmos em outras competições.

Minha sugestão para os campeonatos dos seguintes estados (RJ, SP, MG, RS, PR (principalmente), GO, CE, BA, PE e SC), que contam com mais de dois clubes entre as Séries A, B e C.

As competições da primeira divisão teriam  no máximo 12 clubes. O formato com o maior numero de jogos aceitável seria uma primeira fase como confronto de todos em turno único (11 jogos), classificando 8 para as quartas de final, semifinal e final em ida e volta (6 jogos), totalizando 17 jogos ao final. Esses campeonato seriam disputados entre Fevereiro, Março e Abril. (em que somando-se as datas daria disponível 24 datas – 2 datas para as 4 semanas de cada mês). Nessa ideia, os clubes teriam uma reserva de 7 datas (quase um mês) para intercalar de folga.

Uma ideia para estados em que uma primeira divisão não comporta menos que 12 times seria fazer como ocorre no Pará. Entre novembro e  Fevereiro, os clubes que nessa época estão parados, pois não jogam nenhuma divisão do Brasileiro, se enfrentam numa espécie de seletiva, para saber quem irá compor a fase principal junto com os clubes que jogaram o Brasileiro. Aos clubes eliminados, seria formado um outro torneio em que disputariam um não rebaixamento à segunda divisão, ou automaticamente se incorporariam aos clubes da segunda divisão para definir os clubes que no ano seguinte disputarão a seletiva novamente.


Pontos Positivos

-       Estaduais enxutos
-       Início dos jogos competitivos para segunda quinzena de fevereiro.
-       Valorização de todos os torneios (evitando escalação de times reservas no início do campeonato Brasileiro visando priorizar as finais da Libertadores ou Copa do Brasil)

Pontos negativos

-       Seleção ainda ocuparia algumas datas em que são realizados jogos nacionais, prejudicando alguns times com a convocação.
-       Estadual como o Paulistão teria uma seletiva que renderia apenas 1 vaga, já que hoje o estado tem 11 representantes na Séries A, B e C do Brsileirão, e pela fórmula proposta, seriam muito clubes “impossibilitados” de serem rebaixados. (A não ser que caiam para a Série D como ocorreu com Santo André e Marília, que teriam que disputar a seletiva.

Como vocês viram, idéias boas, todos tem, mas o difícil é agradar a todos. Eu gostei da minha sugestão, mas achei ainda o calendário muito inchado. O que atrapalha é a seleção, que hoje joga praticamente 2 vezes por mês entre Fevereiro e Novembro (10 meses), sendo que um desses meses tem que ser totalmente reservado a ela para Copa América,  Copa das Confederações e Copa do Mundo. Para resolver esse caso, uma ideia legal seria importar do vôlei a sugestão de parte do calendário só para a seleção. Então, ao invés ocupar dois meses espalhados pelo ano, porque não fazer esses dois meses de uma vez só. E esse período da Seleção ficaria ocupado pelos jogos dos estaduais. Só que para isso acontecer, o Brasil tem que virar a Europa e começar seu ano em Julho e terminar em Junho.

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