Bem galera, terminou a Copa do Mundo de Vôlei Feminino no Japão. Infelizmente o Brasil não conseguiu o que queria (a vaga antecipada para Londres) e agora vai ter que apertar o já apertado calendário de 2012.
No geral, a competição foi muito boa e difícil, mostrando que Londres 2012 será mais disputado do que se previa. Os favoritos Brasil e EUA dançaram. O Brasil passou longe do titulo e ficou sem a vaga. Já os EUA ficaram com a vaga, mas perderam o titulo no último jogo ao tomarem de 3 a 0 do Japão, já eliminado, que fechou em quarto.
O titulo foi para a Itália, que aliás conquistou o bicampeonato. Era uma equipe desacreditada depois dos maus resultados no Mundial, no Grand Prix e no Europeu, mas com RENOVAÇÃO do elenco, foi lá e levou essa. Outro que surpreendeu foi a China, que ficou em terceiro e levou a última vaga. Mesma situação que a Itália: resultados pífios nos últimos torneios, RENOVAÇÃO e volta dos resultados.
![]() |
Itália bicampeã da Copa do Mundo. (Divulgação FIVB) |
Também preciso destacar a Alemanha, que lutou até o fim e salvo imprevistos, leva uma vaga para Londres, seja no pré-olímpico europeu ou no mundial.
E o Brasil? Bem, sobre o Brasil, a analise que faço é a seguinte: Em termos de resultados, as derrotas para EUA, Itália e Japão foram normais, visto a campanha de ambos no torneio. O grande pecado do Brasil foi os pontos perdidos nas vitórias de 3 a 2 contra China, Sérvia e Coréia do Sul. Li a pouco uma entrevista do Zé Roberto criticando o sistema de pontuação, falando que é coisa que só Einstein explica. Ele disse isso pois China e Brasil, terminaram com 8 vitórias, mas a China fechou com 26 pontos e o Brasil 21. Sinceramente, a reclamação do Zé é choro de perdedor. Sabia-se desde o começo que o regulamento era esse. Essa fórmula já é utilizada desde 2009 no Grand Prix e não sei porque só agora a reclamação. Não quero afirmar nada, até porque não tenho essa credibilidade toda, mas parece aquele história de time de futebol, quando seu time joga mal, perde e a culpa do resultado é transferida para os erros da arbitragem. A situação é igualzinha, mas ao invés do juiz, escolheram o regulamento.
![]() |
Jogadoras cabisbaixas: Nem de longe lembrou o time sorridente de outros torneios. (Divulgação FIVB) |
Para o desempenho técnico, ao ver todos os jogos, tenho a seguinte opinião: Historicamente, em torneios desse tipo, com jogos em dias consecutivos, a atuação é a seguinte: No começo, contra adversários menos favoritos, o Brasil, mesmo em baixo nível ainda pegando o ritmo, vence bem e adquire assim confiança para chegar a ponto de bala contra os favoritos no final. Mesmo que não esteja a ponto de bala, a confiança adquirida dá um upgrade no rendimento do time.
![]() |
Desta vez, Zé Roberto não conseguiu fazer o time jogar em alto nível (Divulgação FIVB) |
Coincidentemente, nesse campeonato aconteceu o contrario. O Brasil pegou logo na estréia os EUA. E perdeu. Os EUA vinham de uma preparação diferente (onde abdicaram do Pan), jogaram melhor e ganharam. Depois teve o Quênia e a seqüência dura com Alemanha, Sérvia, China, Itália e Japão. E aí o que aconteceu, jogos difíceis com o Brasil a meia boca. Vieram resultados inesperados e a confiança ao invés de ser adquirida, foi perdida. E para encerrar essa moleza que vimos.
![]() |
Sassá: de descartada no Pan à uma das soluções principais jogadoras do time na Copa do Mundo. (Divulgação FIVB) |
É obvio que um time do naipe do Brasil tem que estar preparado para tudo, jogando contra quem for na hora que for. Mas sabemos que o Brasil em geral, “só pega no tranco”.
![]() |
Thaísa emocionada após vitória sobre a Sérvia por 3 a 2: uma das que jogaram bem.(Divulgação FIVB) |
Vocês viram que acima eu destaquei a palavra RENOVAÇÃO ao falar da Itália e da China. É exatamente isso outro ponto que o Brasil pecou. Desde 2008 eu ouço essa história de renovação no time feminino e de novo só a entrada da Dani e da Fabíola, porque as duas levantadoras que estavam saíram, senão ficaria tudo na mesma. E o fato de não ter renovação é ruim porque, muitas jogadoras sabem que o técnico não promove concorrência em sua posição e uma hora a acomodação delas irá acontecer. Isso é culpa exclusivamente do técnico, que há 4 anos fecha o elenco em 16 atletas (as 14 que foram para o Japão mais Jaqueline e Natalia, que estavam machucadas). Essa situação me lembra a Copa de 2010, onde o Dunga morreu abraçado com ‘seus jogadores” e o mesmo periga a se repetir na seleção feminina de vôlei. Esse ano foi chamado pela primeira vez o time “B”, mas jogou o que? Um torneio na Rússia e só.
O Feminino (Zé Roberto) precisa seguir o exemplo do Masculino (Bernardinho). Na Liga Mundial (que é o equivalente ao Grand Prix) o técnico pode inscrever 20 e ele utiliza todos em sistema de rodízio e o resultado é sempre o mesmo: vitórias e jogadores que sabem que aquela pode ser a única chance de mostrar serviço e ganhar a vaga no time. No feminino, isso não ocorre (claro que a logística de levar 20 meninas para a Ásia não ajuda). Só que a seleção feminina tem um grave problema chamado prioridade. Todos os torneios são importantes e prioritários. São as mesmas 14 (com variação de uma ou duas) que vão jogar Copa Panamericana, Grand Prix, Copa do Mundo, Sulamericano, Torneio de Montreaux, Copa da Amizade seja lá o que for. Já no masculino, pelo que vejo, eles decidem qual será a prioridade única do ano, e nos outros torneios vão mesclando o time. É assim que funciona lá. Esse ano por exemplo o foco é a Copa do Mundo e em segundo momento, as finais da Liga Mundial. Ano que vem, será Olimpíada e fase final da Liga Mundial e assim vai.
São ideologias diferentes de trabalho adotadas pelas duas seleções, mas começo a perceber que os grandes adversários, tanto no feminino quanto no masculino estão adotando a ideia seguida pelo time do Bernardinho. E com isso o feminino fica para trás. Eu tenho certeza, que se o Brasil entrar com o chamado time “B” na fase de classificação do Grand Prix, na Copa Panamericana e até no Pré-Olímpico sulamericano, vai se classificar tranqüilo. Enquato isso, o time “A” treina para o objetivo maior: finais do Grand Prix, Olimpíadas, Mundial, Copa do Mundo etc.
![]() |
E agora Zé? Técnico vai ter que se explicar ao presidente da CBV na volta ao Brasil.(Divulgação FIVB) |
Vejam se essas meninas nível time “B” não formariam um bom time treinado pelo Paulo Coco:
Levantadoras: Ana Cristina, Ana Tiemi, Claudinha e Roberta
Centrais: Letícia Hage, Natasha, Natalia Martins e Carol Gattaz
Ponteiras: Michelle Pavão, Monique Pavão, Ivna, Juliana Nogueira, Suelle e Regiane
Opostas: Lia, Joycinha e Priscila Daroit
Líberos: Verê, Tassia e Michelle
Mas enfim, colocada essa situação, eu acredito que a técnica e a qualidade de nossas jogadoras farão o time superar esse momento, apesar de haver esses erros na minha concepção. Agora é torcer para as meninas terem um ótimo descanso pós-Superliga e que cheguem 100% motivadas e inspiradas para se prepararem para 2012. E claro que ninguém se machuque.
0 comentários:
Postar um comentário